Não seremos intimidados

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Você que acompanha o PoDeixar sabe o quanto prezamos por boas risadas e pelo bom humor acima de tudo. Mas hoje, pela primeira e, eu espero, a última vez, eu escrevo com muita tristeza. Hoje, pela primeira vez desde que eu coloquei meus pés aqui, nesta nação que me acolheu, no que hoje eu chamo de lar, hoje, um ato estúpido e sem sentido tirou até minha vontade de rir.

A coisa mais triste que eu vi hoje foi um senhora que passeava pela cidade, tentando socorrer esse soldado caído e morrendo no chão. De maneira cruel, covarde e totalmente sem sentido, hoje, em Ottawa, na capital do país, um homem atirou e matou um militar desarmado que guardava nada menos que o memorial do soldado desconhecido, um lugar dedicado à coragem daqueles que morreram pelo país sem nunca terem sido sequer reconhecidos, um ato sujo e a pior perversão que alguém poderia fazer. O memorial é também um túmulo, um lugar dedicado ao descanso e à lembrança daqueles que lutaram e morreram nas guerras do passado para que o mundo fosse um pouco melhor nos dias de hoje.

Em Ottawa, funcionários do governo, crianças e até mesmo famílias inteiras ficaram presas dentro do parlamento por horas até que a polícia confirmasse que era seguro. Uma nação conhecida por dizer “I’m sorry” e “excuse me”, o que mais se ouve falar é “why?” ou “oh my God”. Em Victoria, do outro lado do país, uma senhora que vendia flores na rua chorava e tentava encontrar razões que nunca ia ter uma resposta em um discurso de 20 minutos com o repórter da TV. Uma terra onde a liberdade e o direito das pessoas são tão celebrados, por quê acabar com a vida de alguém de maneira tão estúpida? Por que trazer esse clima de tristeza e medo?

Fala-se que esse criminoso, esse filho de canadenses, que tinha se convertido a uma religião, que tinha adotado a causa de um grupo terrorista, que fez o que fez com plena conciência e que não se importava com as conseqüências. Antes de tudo isso, ele era um marginal, um criminoso com passagem pela polícia em mais uma província por vários anos. Alguém que já estava acostumado a fazer o mal. Não foi uma nova crença que fez com que ele tivesse essa conduta, ele já era uma fruta podre antes mesmo disso. Pouco me importa no que ele acreditava, nas causas dele, no que quer que seja. O crime que esse cidadão praticou foi um insulto fundamento aos ideais de honra, sacrifício e solidariedade que as forças armadas canadenses pregam. Isso foi um ato de ódio, puro e simples, que merece ser esquecido e apagado da história, junto com o desprezo que essa pessoa e todos os que encontram nesses tipo de ato estúpido a solução para os problemas.

Ao menos a justiça foi feita pelas mãos de um homem cujo papel era praticamente cerimonial e que não tinha a menor obrigação de ter agido como tal. Após servir por 25 anos à Real Policial Montada do Canadá, o sr. Kevin Vickers, que ocupa o posto de sargento em armas do parlamento, é aclamado no país inteiro como exemplo de bravura, desprendimento e cumprimento do dever ao ter terminado com esse ato de insanidade que tomou conta da Capital do país no dia de hoje.

Que o nome desse criminoso seja esquecido e que ninguém se lembre dele. Hoje, apesar de tudo, é dia de mostrar para o mundo que nós somos o Canadá e que os nomes Nathan Cirillo e Kevin Vickers devem ser lembrados e honrados pelos valores que nós canadenses tanto admiramos e amamos.

(Meus mais sinceros respeito ao Sr. Rex Murphy, cujas palavras me inspiraram a escrever este texto)

Japa.