A taxa de mortalidade infantil é um indicador extremamente sensível que reflete, no nível internacional, o desenvolvimento humano geral, o estado de saúde da mulher e o nível educacional, bem como a força da estrutura de saúde pública. No Canadá, essa taxa caiu 80% em 40 anos.
O conceito de mortalidade infantil está intimamente ligado às condições de vida da população, especialmente o acesso aos recursos de saúde e alimentação.
No atual Ranking mundial de mortalidade infantil, de um total de 223 países onde o Afeganistão é o campeão em Mortalidade infantil, o Canadá ocupa a 179a posição com 4,5 mortes por 1mil nascimentos, já o Brasil por sua vez ocupa a 92a posição com um índice de 17,5 mortes por 1mil nascidos.
Este índice se refere ao número de crianças que morrem antes de completar um ano de idade.
A MORTALIDADE INFANTIL NO MUNDO
A Revolução industrial foi a principal responsável pela queda nas taxas de mortalidade. A relação entre a industrialização e a redução das taxas de mortalidade se explica pelo fenômeno de urbanização que ocorreu por consequência.
A aplicação de novas técnicas sanitárias e higiênicas também contribuiu para diminuição das referidas taxas. Com a urbanização, a população se concentrou no espaço urbano, ficando mais fácil a realização de obras de saneamento, bem como das campanhas de vacinação.
A expansão das vacinas e antibióticos auxiliou para redução deste índice. Bem como o aumento da higiene pública (descoberta dos riscos dos microrganismos para saúde). Melhorias alimentares atreladas ao aumento do poder de compra das famílias também interferiram nestes índices. Há uma predominância de populações jovens em países subdesenvolvidos, o que significa que as taxas de fecundidade e natalidade ainda se encontram altas.
Fatores que influenciam o aumento da mortalidade infantil no mundo
Os altos índices de mortalidade infantil estão relacionados a alguns fatores: superexploração do trabalho, fatores socioeconômicos, sanitários, progressos da medicina, assepsia, anestésicos, bactericidas, quimioterapia, controle de doenças infectocontagiosas, saneamento, nível de vida, vacinas, escassez de acompanhamento das gestantes no período pré-natal, bem como a falta de recursos para acompanhar gestantes de alto risco no parto, e ainda, precárias condições sanitárias no pós-parto, desnutrição, dentre outros.
Nos países desenvolvidos pode haver um processo de aumento da mortalidade. Isso ocorre porque há um envelhecimento populacional (alta expectativa de vida). A população idosa não irá ter uma taxa representativa de natalidade. Assim, as taxas de mortalidade podem ficar maiores do que as de natalidade (morrem mais pessoas do que nascem). Portanto, nem sempre um aumento nas taxas de mortalidade representa uma piora nas condições de vida da população, mas por vezes, é um reflexo da diminuição das taxas de fecundidade e natalidade.
Alguns países ainda apresentam altas taxas de mortalidade, como os da África Subsaariana (abaixo do deserto do Saara, África negra), o que se deve especialmente à enorme desigualdade social atingindo as pessoas em extrema-pobreza e às altas taxas de Aids e outras doenças.
A maioria das mortes em crianças de um a cinco anos é devida a doenças evitáveis que também podem ser facilmente tratadas em casa ou em centros de saúde.
Crianças que sofrem de desnutrição, especialmente aquelas que sofrem de desnutrição aguda grave, correm um risco maior de se tornarem vítimas de doenças comuns na infância, como diarréia, pneumonia e malária. Fatores nutricionais contribuem para cerca de 45% das mortes em crianças menores de 5 anos de idade.
Estima-se que defeitos de nascimento afeta 1 em 33 crianças, ou 3,2 milhões de crianças por ano.
Como reduzir a mortalidade infantil?
Diversos fatores têm influenciado para a melhoria das taxas, como o aumento do acesso ao saneamento básico, o que possibilita que as pessoas tenham água de melhor qualidade, além de deixarem de estar tão expostas aos perigos do esgoto a céu aberto. As quedas nas taxas de fecundidade e natalidade também são dados expressivos que explicam o decréscimo da mortalidade infantil. O grau de instrução das pessoas, bem como a inserção das mulheres no mercado de trabalho também contribuem para redução das mortes. Da mesma forma, os avanços no campo da Medicina, o acesso aos métodos contraceptivos, o acompanhamento das gestantes e recém-nascidos são fatores relevantes para contornar as altas taxas de mortes infantis.
O fortalecimento dos serviços de saúde para que todas as crianças possam se beneficiar dessas intervenções economizará muitas vidas.
As primeiras 48 horas após o nascimento são cruciais para a sobrevivência do recém-nascido. É neste momento que a mãe e a criança devem ser cuidadosamente monitoradas para prevenir e tratar doenças.
Antes do nascimento, a mãe pode melhorar as chances de sobrevivência e saúde do filho, comparecendo às clínicas pré-natais, sendo vacinada contra o tétano e evitando fumar e beber álcool.
Também é muito importante identificar e tratar doenças do recém-nascido, pois elas podem piorar e levar à morte muito rapidamente, se não forem diagnosticadas ou tratadas adequadamente. Bebês doentes devem ser vistos imediatamente por um profissional de saúde qualificado.
Para algumas das doenças mais letais na infância, como o sarampo, as vacinas estão disponíveis e a conformidade com o esquema de imunização protege a criança dessas doenças e morte.
Doenças respiratórias agudas
Doenças respiratórias agudas, como pneumonia, são umas das principais causas de morte em crianças menores de cinco anos. A luta contra os principais fatores de risco para a doença – desnutrição e poluição doméstica – é essencial para a prevenção, juntamente com a vacinação.
Uma vez que as crianças tenham uma doença respiratória grave, elas devem receber cuidados adequados de um profissional de saúde treinado, incluindo acesso a antibióticos e oxigênio.
Diarréia
A amamentação exclusiva e as regras de higiene previnem a diarréia em crianças. Quando uma criança com diarréia fica desidratada, é necessário um tratamento imediato com sais de reidratação oral (SRO) e suplementos de zinco.
Malária
O uso de mosquiteiros tratados com um inseticida que impede que os mosquitos piquem a criança ajuda a combater a malária. Se uma criança é picada e contrair a doença, o cuidado imediato e apropriado é essencial.
HIV / AIDS
Mais de 90% das crianças com HIV são infectadas através da transmissão de mãe para filho, o que pode ser evitado através do uso de anti-retrovirais, e através de práticas de parto e alimentação mais seguras. . A terapia anti-retroviral para crianças infectadas pelo HIV melhora muito as taxas de sobrevivência e a qualidade de vida. Na ausência de intervenções, mais da metade de todas as crianças infectadas pelo HIV morrem antes de seu segundo aniversário.
Subnutrição
Em todo o mundo, mais de 20 milhões de crianças pequenas estão gravemente desnutridas, tornando-as mais vulneráveis à doença e mais propensas à morte prematura. Mães e outros cuidadores precisam saber como alimentar seus filhos adequadamente para evitar problemas nutricionais.
Se uma criança estiver desnutrida, é necessário cuidado apropriado. Quase três quartos das crianças desnutridas podem ser tratadas com alimentos terapêuticos prontos para uso. Esses alimentos altamente enriquecidos e ricos em energia fornecem os muitos nutrientes necessários para crianças desnutridas com mais de seis meses de idade e podem ser tratados em casa.
A mortalidade infantil no Canadá
A taxa de mortalidade infantil canadense atingiu o seu nível mais baixo. Em 1921, foram 77,4 mortes por mil nascidos vivos. Agora são 4,5 mortes por cada mil nascidos vivos no Canadá e o Quebec também tem o mesmo índice.
Pode haver algumas diferenças na maneira como os países registram nascimentos e mortes de crianças, de forma que comparações diretas nem sempre são possíveis. No entanto, para países cujo estágio de desenvolvimento é comparável ao nosso, a taxa de mortalidade infantil ainda é considerada um indicador confiável do estado geral de saúde da população e é frequentemente usada para comparar a situação em vários países. No Canadá, é ligeiramente maior do que em alguns países (o Japão e a Noruega têm as taxas mais baixas, ou cerca de 3 mortes por 1.000 nascidos vivos), mas semelhantes aos da Austrália e do Reino Unido. Porém, o nosso índice é bem mais baixo do que o dos Estados Unidos (7 mortes por 1.000 nascidos vivos).
Embora a taxa de mortalidade infantil no Canadá seja semelhante à de outros países da OCDE, o mesmo não acontece com todos os segmentos da nossa população, há uma clara diferença entre os bairros que recebem as maiores e as menores rendas.
A Ilha do Príncipe Eduardo e a Colúmbia Britânica são as províncias mais bem classificadas, com a menor taxa de mortalidade infantil no Canadá. Alberta e Terre-Neuve-et-Labrador têm nota “D”, Saskatchewan, Manitoba, Territoires du Nord-Ouest e Nunavut têm nota « D- ». Com uma média de 18,5 mortes por mil nascidos vivos, maior que a média brasileira.
Vários estudos descobriram que as taxas de natalidade e natimortos são maiores entre as Primeiras Nações do que no resto da população do Canadá.
Os Primeiras Nações que vivem em reservas têm condições socioeconômicas freqüentemente mais precárias do que as do resto da população. Além disso, os serviços de saúde nas reservas são administrados. por um sistema de saúde separado. Porém, o sistema de saúde do Canadá financia atividades de prevenção e promoção da saúde, bem como serviços de assistência domiciliar e comunitária para essa população. Este departamento também é responsável pelos cuidados de saúde basicos em reservas remotas, que é uma responsabilidade provincial para o resto da população. O estabelecimento de uma imagem do estado de saúde da população que está na reserva facilitaria o planejamento de programas de saúde para essa população.
As taxas de mortalidade infantil são maiores em filhos de mães com menos de 20 anos anos e mais de 35 anos. Observa-se que quanto menor a escolaridade, maiores são taxas de natimortalidade e mortalidade infantil. Também o tabagismo durante a gravidez, que constitui um fator de risco, e a amamentação, que constitui um fator de proteção, por isso investir em campanhas educativas é importante.
Ações do governo canadense
O Canadá tem investido 3,5 bilhões para a luta contra a mortalidade materna e infantil para o período 2015-2020 nos países em desenvolvimento. Alguns 828,2 milhões em cinco anos foi alocado no orçamento de 2017 para apoiar a saúde dos povos autóctones. Além disso, o Canadá tem investido fortemente em educação e na luta contra a pobreza.
A mortalidade infantil no Brasil
Na década de 1990 este índice era muito elevado, quando mais de 50 crianças morriam antes de completar seu primeiro ano de vida, em cada mil nascidos no período de um ano. Em 2015, o índice de mortes no país para essa faixa etária foi 73% menor que em 1990, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Infelizmente o índice de mortalidade infantil voltou a aumentar no Brasil em 2016, pela primeira vez, desde 1990. O aumento da pobreza e cortes no Bolsa família podem ser a principal justificativa ao aumento.
Os índices de mortalidade infantil estão relacionados às condições de vida da população, sendo que historicamente uma das principais causas das mortes de crianças foi a desnutrição. A segunda maior causadora dos óbitos foi a diarreia, ocasionada pela péssima qualidade da alimentação e da água.
No Brasil, as maiores taxas de mortalidade infantil são registradas na região Nordeste. Os estados brasileiros com maiores taxas de mortalidade infantil são Alagoas e Maranhão. Enquanto as menores taxas são registradas nos estados do Sul.
No caso específico do Brasil, são elementos relevantes para redução das taxas de mortalidade infantil aspectos como um programa social eficiente que possa erradicar a extrema-pobreza, a vacinação de gestantes e crianças, melhorias no saneamento, bem como as instruções para evitar possíveis doenças. A conscientização sobre o aleitamento materno e a correta nutrição infantil são medidas também relevantes.
Pré-Maturos
É verdade que quanto maior a prematuridade, maior o risco de mortalidade. “Em caso de prematuridade muito grande (menos de 27 semanas, nota do Editor), a mortalidade pode chegar a 50%”, diz o Dr. Elie Azria, chefe da maternidade Notre-Dame Bon Secours, Hospital Saint-Joseph, em Paris.
Mais de 3.000 crianças nascidas prematuramente morrem todos os dias no mundo. A prematuridade tornou-se assim a principal causa de morte em crianças menores de 5 anos, revela um estudo publicado pela revista científica The Lancet. Enquanto a medicina reduziu em 3,9% a taxa de mortalidade infantil relacionada a doenças infecciosas – pneumonia, diarréia, sarampo, tétano, AIDS … – a taxa de mortes relacionadas à prematuridade caiu apenas 2 %.
Porém, continua difícil evitar o parto prematuro. Embora alguns fatores de risco sejam bem conhecidos, eles nem sempre são controláveis. Assim, partos prematuros são favorecidos pela idade da mãe, gestações múltiplas ou situações de precariedade “Em mulheres muito pobres, a taxa de parto pré-maturo chega a 18%”, destaca o Dr. Elie Azria.
A falta de acompanhamento durante a gravidez também aumenta os riscos para a mãe e a criança. Quase 8% das mulheres consultam pela primeira vez somente após o primeiro trimestre da gravidez. Eles são apenas um em quatro para consultar um médico antes de iniciar a gravidez, de acordo com uma pesquisa da OpinionWay em nome da Fundação PremUp.
As mulheres ainda não têm o reflexo de dizer a si mesmas” Eu tenho um projeto de ter um bebê, eu vou consultar “. No entanto, uma visita antes de interromper a contracepção pode verificar a tensão, a atualização de vacinas, receber regras simples de estilo de vida e, especialmente, ser prescrito ácido folico para prevenir o aparecimento de uma espinha bífida. Mais de um terço das mulheres começam a gravidez sem ter qualquer informação. E enquanto quase sete em cada dez mulheres mencionam os vícios como os fatores de risco mais importantes para uma mulher grávida e seu feto, 30% das mulheres não mudam seus hábitos de fumar durante a gravidez e 19% bebem álcool.
Higiene bucal
Melhor escovar seriamente os dentes e visitar o seu dentista quando estiver grávida. De fato, o trabalho de parto pré-maturo pode ser desencadeado se a mãe estiver com inflamações ou cáries.
O parto prematuro ocorre quando ocorre entre a 29ª e a 38ª semana de amenorréia (ausência de menstruação), ou seja, entre 31 e 40 semanas após o início da gestação. As causas são múltiplas: ruptura da bolsa de água, malformação, anormalidade uterina, hemorragia, descolamento da placenta, incompatibilidade Rh, gravidez múltipla, etc. Recentemente, outra hipótese na origem do parto prematuro é cada vez mais provável, é um processo infeccioso. De fato, parece que uma infecção genital pode ser responsável por uma série de partos prematuros. No entanto, o ponto de entrada para germes pode estar em outro lugar. Neste estudo, os pesquisadores analisaram os fluidos amnióticos de cerca de trinta mulheres que deram à luz prematuramente. Eles identificaram a presença de uma bactéria, que não foi encontrada no trato genital inferior da mãe. Por outro lado, foi detectado em sua cavidade oral, ao nível da placa dentária. Podemos, portanto, supor que esse germe, presente no líquido amniótico, tenha origem na cavidade bucal da mãe. Os autores sugerem que as bactérias entraram na corrente sanguínea durante as lesões da gengiva (gengivite). Uma vez na corrente sanguínea, é fácil migrar para a cavidade uterina, infectá-la e causar parto prematuro.
Morte súbita
Como o próprio nome indica, a síndrome da morte súbita infantil (SMSI) é a morte repentina de um bebê. A SMSI atinge um pouco menos de 1 bebé em 1000 no Canadá. A maioria dos casos a morte súbita acontece nos primeiros 4 meses de vida.
No entanto, em muitos países, incluindo o Canadá, as taxas de morte súbita infantil estão caindo. Esse declínio foi atribuído principalmente à recomendação de evitar colocar o bebê de bruços.
Vários países, incluindo Canadá, aderiram ao programa « Dodo sur le dos », que visa reduzir a incidência da síndrome de morte súbita em crianças, promovendo algumas diretivas aos pais. Tais como, sempre colocar o bebê para dormir de costas; não colocar nada no berço que possa prejudicar a respiração do bebê como brinquedos e protetores laterais para o berço; amamentar a criança pelo menos nos primeiros seis meses de vida para fortalecer o sistema imunológico.
Espero que o texto tenha esclarecido melhor a mortalidade infantil. O espaço está aberto aos que queiram debater o tema.